TAXA DE LEVANTAMENTO NAS ATM DISPARA DE 100 PARA 700 KWANZAS

A partir do dia 1 de Janeiro de 2024, a taxa para levantamento interbancário nos centros de ATM passa a custar 700 Kwanzas, contra os actuais 100 kwanzas. A decisão, que irrita os angolanos, vem expressa na circular de 5 de Dezembro da Administração da EMIS, empresa gestora dos ATM em Angola.

Por Geraldo José Letras

Através da circular assinada em 5 de Dezembro do ano em curso, e a que o Folha 8 teve acesso, a administração da EMIS, empresa gestora dos serviços de ATM em todo o território nacional, informa que a partir do dia 1 de Janeiro de 2024, os cidadãos, vão passar a sofrer um desconto de 700 kwanzas em operações interbancárias de levantamento, transferência, pagamento de serviços e outros em ATM.

No documento a entidade gestora dos ATM’s não revela os motivos que a leva a proceder à alteração da taxa de 100 Kwanzas para 700 Kwanzas em operações interbancárias.

Fontes ligadas à banca explicam ao Folha 8 que o “comportamento ou crescimento dos números que a EMIS tem verificado em movimentos interbancários nos últimos tempos, pode estar na base da decisão ora tomada”.

A decisão não agrada aos cidadãos que na capital do país já questionam a “incapacidade ou desinteresse do Presidente da República, enquanto Chefe do Governo, em travar a onda de alteração de preços e taxas de bens e serviços sociais essenciais à população”.

“Isso é muita libertinagem. Quando o país perde um Chefe de Estado, a exemplo de José Eduardo dos Santos, para ter no mais alto escalão do Estado um ‘palhaço’ que nem funções administrativas sabe desempenhar, é nisso que acabamos, o pacato cidadão cada vez mais sufocado sem ninguém para mudar o quadro” disse, visivelmente revoltado, Augusto José.

Quem também começa a prever um ano de 2024 de “causar choros e prantos” para o povo angolano, “abandonado à sua sorte” sob o olhar “insensível às necessidades básicas da população” é Maria Pinto de Andrade.

“Só com fogo (rebelião civil) as coisas vão mudar. É preciso que os gestores públicos e governantes ganhem medo da reacção popular. Já que não são eleitos, dirigem as instituições e o país por indicação, fazem o que fazem a começar com o próprio João Lourenço. Onde é que já se viu? A população mal tem emprego, ganha a vida sujeitando-se à falta de respeito no privado para receber um valor que de salário nem merece o nome, agora um sem lá quem lhe nomeou vem decidir que tem que roubar 700 Kwanzas, quase mil kwanzas, ao cidadão que já vive por sorte em Angola? Temos que mudar isso”, desabafa Maria Pinto de Andrade.

“Se o desconto é para operações de bancos diferentes, então, o governo deve é obrigar os investidores na banca a criarem mais agências e obrigar a própria empresa responsável pelos ATM, EMIS, a criar mais centros de ATM e com dinheiro sempre disponível em todo o país, porque será sempre uma vergonha ter que aguentar tanta fila para depois ser descontado este valor todo” diz Hermenegildo Miguel.

“Este custo de 700 Kwanzas deve ser suportado pelo banco para ser obrigado a disponibilizar mais ATM e com valores”, defendeu Nelson Cangolo.

“É necessário um basta nessa exploração. Se nos mantermos calados como nos mantemos quando subiram para 100 Kwanzas não demora nada e já passaremos a sofrer uma taxa de 1000 Kwanzas” refere outro cidadão.

Em declarações explicativas prestadas ao Folha 8, em anonimato, funcionários bancários esclarecem que, na prática, o cidadão só sofrerá o desconto de 700 kwanzas em operações de levamento, caso, pertencendo ao banco X for realizar movimentos bancários em centros ATM da dependência bancária Y”.

A EMIS – Empresa Interbancária de Serviços, S.A. é a empresa que gere a Rede MULTICAIXA e a Câmara de Compensação Automatizada de Angola (CCAA), compreendendo o Sistema de Gestão de Cartões de pagamento (MULTICAIXA), o Sistema de Transferências a Crédito (STC), o Sistema de Compensação de Cheques (SCC) o Sistema de Débitos Directos (SDD) e o Sistema de Transferências Instantâneas (STI).

Esses Sistemas de Pagamentos da CCAA estão assentes numa infra-estrutura de mercado financeiro (infra-estrutura do mercado financeiro) que tem por missão principal propiciar a interoperabilidade entre os Prestadores de Serviços de Pagamentos bancários e não bancários, bem como assegurar o respectivo o clearing (compensação) das operações, cuja liquidação está a cargo do Banco Central (BNA).

Trata-se de uma infra-estrutura partilhada, essencial para o desenvolvimento dos serviços de pagamentos e que tira bastante proveito das economias de escala.

Esta infra-estrutura cumpre integralmente com os princípios definidos pelo BIS (Banco de Pagamentos Internacional) para as infra-estruturas de mercado financeiro, garantindo por isso a necessária neutralidade.

A empresa diz te como missão contribuir para a massificação do pagamento electrónico em Angola e para a eficiência geral do sistema de pagamentos angolano, garantindo segurança, eficácia, comodidade e inovação, ao menor custo possível.

Daí posiciona-se como operador tecnológico de referência do sistema de pagamentos a nível nacional e do continente africano, apostando – segundo a sua versão oficial – na integridade, ética, cooperação com os accionistas, formação contínua, orientação para o cliente, qualidade, segurança, Rigor e compromisso.

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